A História deve ser o elo entre o passado, o presente e o futuro. Ao pensar o passado queremos saber na verdade sobre quem somos, ou melhor, sobre quem queremos ser. Por esta razão, um espiríto crítico é indispensável para quem a estuda. É com esse espiríto que você deve acessar esse blog. Boas leituras!!! (Prof. Marcel0)

sábado, 16 de janeiro de 2010

Conheça parte da produção acadêmica do professor Marcelo

Como professor, tenho observado que na maior parte das vezes os alunos não conhecem a área de atuação dos professores, nem muito menos sua produção cientifíca. Pensando nisso, postei essa pequena biografia da minha produção nos últimos anos.
A minha dissertação intitulada Uma senhora de engenho no mundo das letras: o declínio senhorial em Anna Ribeiro [link 1 do final do texto ], , analisa a decadência do mundo senhorial na Obra de Anna Ribeiro, considerando a abolição e a pós-abolição como eventos (re) significados pela elite senhorial baiana, tendo na obra da escritora sua representação ficcionalizada. Anna Ribeiro de Araújo Góes Bittencourt (1843-1930) foi uma ex-senhora de engenho que adentrou no mundo das letras, com o intuito de “orientar” suas jovens patrícias com um discurso moralizador. Para isto, ela escreveu narrativas contextualizadas e ambientadas na sua realidade, com o intuito de criar uma identidade com as suas leitoras.
Sobre esse projeto literário, nove obras foram publicadas na Bahia entre 1882 e 1921. Desta produção emergem os três contos e um romance que retratam a decadência senhorial, analisados nesta dissertação. Respectivamente em Dulce & Alina (1901), Violeta & Angélica (1906), Marieta (1908) e o romance Letícia (1908). A memória social da elite baiana acerca do processo de seu declínio é contada paulatinamente destacando respectivamente o auge, a crise e a derrocada do mundo senhorial, sendo que em Letícia a autora faz uma síntese desse processo. A ótica paternalista dessas obras é peculiar às representações de uma ex-senhora de engenho que oferece nos seus escritos uma versão impar da História da Bahia, através dos tipos sociais, dos ambientes e dos discursos presentes na memória da elite. Ancorada teoricamente na História Cultural, essa pesquisa analisa os três contos e o romance referidos anteriormente, considerando a literatura como uma fonte histórica privilegiada, uma vez que sendo um produto da história, as obras e os autores representam a realidade que os cerca, oferecendo aos leitores possibilidades de leituras, neste caso, sobre a sociedade do Recôncavo entre meados do século XIX e início do século XX.
Publiquei vários artigos derivados da minha pesquisa de Mestrado para serem avaliados para publicação. O primeiro deles, intitulado História, Literatura e Mercado Literário na Bahia Oitocentista: o projeto de Anna Ribeiro de Góes Bittencourt (1843-1930) [link 2 do final do texto], versava sobre a atuação da escritora Anna Ribeiro no cenário literário da Bahia, através da utilização de uma rede de solidariedades que envolvia a sua família, editores e jornais de Salvador. A autora transpôs um ambiente então dominado por homens e publicou várias obras que tinham sempre como objetivo influenciar as leitoras ao “bom” comportamento nos momentos difíceis que assolaram a família aristocrática baiana nos fins do século XIX. Duas Revistas publicaram esse artigo: Cadernos de História, da Universidade Federal de Ouro Preto e A Cor das Letras, revista do Programa de Pós-Graduação em Letras, da Universidade Estadual da Bahia.
Posteriormente, trabalhei as questões concernentes à memória social da Bahia nos fins do século XIX e início do XX, nos artigos Uma Senhora de Engenho no mundo das letras: História, memória e identidade cultural em Anna Ribeiro de Góes Bittencourt (1843-1930). O texto foi publicado na Revista Eletrônica História em Reflexão, periódico do Departamento de História da Universidade Federal da Grande Dourados. Nessa mesma revista publiquei em 2008 o texto Cenas do Recôncavo: a decadência senhorial na literatura de Anna Ribeiro (1843-1930), onde procurei discutir a temática do declínio dos senhores de engenho do Recôncavo nos tipos sociais inscritos nos personagens e nos ambientes dos contos Dulce & Alina (1901), Violeta & Angélica (1906) e Marieta (1908).
Ainda em 2007, publiquei na Revista Em Tempos de Histórias, órgão do corpo discente do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília: Fios literários na teia da História: paternalismo, escravidão e pós-abolição num romance de Anna Ribeiro, artigo baseado no primeiro capítulo da minha dissertação de mestrado que discutia o cunho paternalista da obra de Anna Ribeiro. A escritora era também ex-senhora de engenho e sentiu de perto os impactos da extinção do trabalho escravo, tanto que estabeleci um cruzamento entre a sua obra e os escritos memorialísticos dela e de seus familiares, no intuito de tentar estabelecer como se construíram as representações sobre esses momentos históricos e como se tentou instituir uma memória a esse respeito, sob a égide da elite.
Na Glaúks, Revista da Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Viçosa-MG, discuti a construção de tipos na obra de Anna Ribeiro, no que concerne ao mundo senhorial: escravocratas, senhores e senhoras de engenho, escravos, ex-escravos, agregados, etc. Sob o título Uma Senhora de Engenho Intelectual: Literatura, História e Tipologia Social em Anna Ribeiro de Góes Bittencourt, o texto também era um dos frutos do meu trabalho de Mestrado.
O último artigo que escrevi, enviei para a Revista Patrimônio e Memória da Universidade Estadual de São Paulo, Memórias de uma senhora de engenho: lembranças e esquecimentos nos Longos Serões do Campo, de Anna Ribeiro, [link 3 no final desse texto], discuti os meandros das lembranças na obra de Anna Ribeiro, especificamente no que diz respeito aos esquecimentos nos registros da derrocada financeira e social de sua família, nos fins do século XIX, em detrimento de suas lembranças “faustosas” sobre os tempos em que sua família era como se fosse “a nobreza” baiana, e detinha vários escravos, terras e dinheiro. Isso aconteceu ainda na sua infância e adolescência [por volta de 1850-1870].
Existem ainda outros artigos e comunicações publicadas em universidades, em simpósios e em congressos. O histórico completo da minha produção acadêmica pode ser vista no meu curriculo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4282704Y3
Recentemente sou aluno do doutorado em História pela Universidade Federal da Bahia, na linha "Escravidão e invenção da liberdade". O Projeto de tese que trabalho se intitula "Literatura como memória social: escravidão e pósabolição na ficção baiana (1884-1930).
Ainda nesse semestre publicarei pela Editora da Universidade do Estado da Bahia o livro "Uma senhora de engenho no mundo das letras", fruto da minha dissertação de mestrado.

Observação: A foto exposta no início do texto retrata a escritora Anna Ribeiro de Araújo Góes Bittencourt, com 30 anos de idade. Foto tirada em no ano de 1873.

Links para os meus artigos e textos:

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