A História deve ser o elo entre o passado, o presente e o futuro. Ao pensar o passado queremos saber na verdade sobre quem somos, ou melhor, sobre quem queremos ser. Por esta razão, um espiríto crítico é indispensável para quem a estuda. É com esse espiríto que você deve acessar esse blog. Boas leituras!!! (Prof. Marcel0)

sábado, 23 de janeiro de 2010

Como estudar História


O estudo dos conteúdos de História podem se tornar bem mais agradáveis e fáceis se você adotar algumas posturas de estudo:

1. participe das aulas, tenha o seu próprio material e não esqueça de anotar e sublinhar algo interessante que o professor mencionou em sala;

2. lembre-se o professor é seu aliado e não um inimigo. Tire suas duvidas, não tenha medo de participar das aulas, professores adoram isso;

3. esqueça do mundo, dos seus amigos, dos problemas que possui e jogue-se de corpo e alma no conteúdo a ser estudado;

4. leia com atenção, uma vez o capítulo ou conteúdo, sem se deter em nenhum ponto até o final;

5. leia novamente até o fim, mas agora vá sublinhando aquilo que lhe pareça mais importante para a compreensão do conteúdo;

6. faça um roteiro de estudo do capítulo estudado;

7. crie o hábito de estudo. Deixe de 1 a 2 horas por dia para se dedicar aos estudos. No início pode ser difícil, mas com o tempo você se acostuma e essas horas serão de grande valia para seu crescimento;

8. nesse período de estudo, esqueça do mundo lá fora, nada de internet, telefone, brincar, jogar videogame, etc;

9. depois que cumprir com seu horário de estudo você poderá desfrutar desses lazeres.

O roteiro de estudo
A primeira preocupação quando analisamos um acontecimento, é situá-lo no tempo e no espaço, condição elementar para compreensão de qualquer fato histórico e para criar o hábito na utilização de mapas (noção de espaço) e outras ilustrações, auxiliares na caracterização de certa época (noção de tempo). O segundo passo é analisar o contexto histórico, isto é, a realidade histórica que cerca o fato em questão. É o ponto mais importante do roteiro, pois desmistifica a História factual, mostrando que não existem fatos isolados e que todo acontecimento deve ser entendido à luz da realidade que o cerca. A análise do contexto permite também que você relacione outros acontecimentos inseridos na mesma realidade. Na análise do próprio contexto encontramos os antecedentes (terceiro passo de nosso roteiro), onde perceberemos os fatores estruturais e conjunturais, além de seus determinantes mais específicos e até acontecimentos sem muita importância estrutural, mas que catalisam o processo em direção ao evento estudado. Após os antecedentes, analisaremos o fato, o evento propriamente dito, através de suas características e seu significado histórico. Por fim, já com a preocupação de estabelecer uma relação com um próximo evento, vamos conhecer os desdobramentos onde estabeleceremos um gancho para analisar um próximo assunto, utilizando o mesmo roteiro de análise, ou seja:

1. TEMPO/ESPAÇO

2. CONTEXTO HISTÓRICO

3. ANTECEDENTES

4. O EVENTO

5. DESDOBRAMENTOS


Exemplificaremos o roteiro, supondo o estudo da Primeira Guerra Mundial:

1) TEMPO/ESPAÇO
Europa: início do século XX
2) CONTEXTO HISTÓRICO
Neocolonialismo Política de Alianças Paz Armada
3) ANTECEDENTES
Disputa de mercados neocolonialista Divergências político-econômicas e revanchismos Nacionalismos, imperialismo e antagonismos entre os impérios O assassinato de Francisco Ferdinando
4) O EVENTO
A Guerra O início Blocos militares em conflito Etapas O ano de 1917 O término do conflito
5) DESDOBRAMENTOS
Tratado de Versalhes Fim da hegemonia européia Desintegração dos impérios Novas nações EUA como potência hegemônica Liga das Nações Revanchismo alemão Fortalecimento do nacionalismo (nazifascismo)

"Você tem um ideal. Lute por ele e todas as forças da natureza conspirarão a seu favor. Afinal, a colheita vem do suor, não do orvalho." Elpídio Donizetti Nunes
BONS ESTUDOS!

Retirado de: http://www.eustaquiovidigal.com/?acao=textos, acesso em 23 de janeiro de 2010, às 16:13h.

Revisitando a História da República

Centro de Referência da História Republicana reúne documentos e informações importantes para pesquisadores da história do Brasil


Em seu leito de morte, a monarquia brasileira tentou uma última estratégia para salvar o futuro da realeza nos trópicos. Em julho, o visconde de Ouro Preto (1836-1912) assume a chefia do ministério imperial em julho de 1889. O seu programa de governo era reformista e tinha como principal objetivo neutralizar as críticas dos opositores à monarquia. Foi tarde demais. Meses depois, em novembro de 1889, os republicanos dão um fim ao Império do Brasileiro. Nada podia parar o início da história republicana.A força do movimento republicano no final da Monarquia mostrou que o novo sistema político viera para ficar. E desde o final do século XIX, não faltou emoção e vitalidade à República brasileira. Intentona, revoltas civis, golpes de Estado, guerrilhas e outros tantos acontecimentos que balançaram as estruturas do país.Boa parte desse turbilhão de acontecimentos pode ser conhecido e estudado no site República Online, vinculado ao Centro de Referência da História Republicana do Museu da República do Rio de Janeiro. O site apresenta pequenas biografias de ex-presidentes, cronologias, fotografias, charges, referências bibliográficas e documentais que cobrem o período compreendido entre 1889 e 1961.Com uma interface limpa e leve, o site permite uma pesquisa por ano, assunto, personagem e instituição, filtros que facilitam a vida de alunos ou pesquisadores acadêmicos que tentam localizar documentos para suas pesquisas.Semana de Arte Moderna, Revolução de 1930, suicídio de Getúlio Vargas, Intentona Comunista e muito mais. Está tudo lá! Para conferir, acesse: http://www.republicaonline.org.br/reponlinenav/
Imagem: A D. Quixote, em 15 de novembro de 1922, publica uma caricatura de Kalixto, apresentando as várias repúblicas: a monarquista, a "zé povista", a socialista, a maximalista, a militarista e a plutocrata.

Retirado de: http://cafehistoria.ning.com/, acesso em 23 de jan de 2010, às 12:12h.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

sábado, 16 de janeiro de 2010

ECONOMIA E SOCIEDADE NA CATU DO SÉCULO XIX


No século XIX registrou-se o desenvolvimento e o apogeu da cultura açucareira em Santana de Catu. Em 1856 o vigário local Antonio Torres chegou a registrar 116 propriedades das quais pelos menos um terço pudesse ser considerada como engenho.
Embora ainda não existam números precisos sobre essa produção, sabe-se, por exemplo, que no seu ápice o engenho Api[1], localizado perto do atual distrito de São Miguel, chegou a ter mais de 100 escravos, quando a média de um grande engenho da região era de cinqüenta e sete.
Durante mais trezentos anos de existência a população catuense dependeu inteiramente da economia rural. Até os finais do século XIX, por exemplo, dois produtos dominavam a nossa produção: a cana-de-açúcar e o fumo. Os dois destinados à exportação. Essa atividade econômica era praticada a base de mão-de-obra escrava e acabou após a abolição da escravatura e a perda do Brasil da concorrência desses produtos para outros países, sobretudo as Antilhas Britânicas.
Um contexto especial fez com que o período compreendido entre 1810 e 1870, fosse de grande prosperidade para o Recôncavo. No exterior o preço do açúcar se manteve elevado devido às lutas napoleônicas, a desorganização da produção das colônias espanholas e inglesas das Antilhas e a ampliação do mercado europeu, um dos primeiros efeitos da Revolução industrial. Segundo nos conta Anna Ribeiro de Araújo Góes, o século XIX, foi um momento de fartura para a elite açucareira catuense, o crescimento do número de engenhos dessa atividade agrícola nessa região atesta que realmente houve um desenvolvimento econômico sobre essas terras que ela jamais havia visto. Em contraposição ao crescimento da lavoura da cana, a maior parte da mata atlântica original que existia foi derrubada pata dar lugar aos canaviais, de modo que o que vemos hoje do que restou, são matas remanescentes e não originais.
Não se deve esquecer que a cultura do açúcar não era única fonte de renda da região nesse momento, havia também o plantio do fumo, da mandioca, do café e de outros gêneros alimentícios que sustentavam a população da região e que, mais tarde seria exportada para a capital, Salvador. Mesmo assim, como já foi dito, duas culturas tradicionais do Brasil império para exportação – cana e fumo – tiveram em terras catuenses terreno fértil e população escrava era tamanha que assegurava a produção.
A população escravizada obrigada a trabalhar nas lavouras catuenses durante todo o século XIX, era de quantidade considerável para os padrões baianos, conforme publicação de um jornal de Alagoinhas intitulado O Alagoinhense, datado de 17 de fevereiro de 1887:
NOVA MATRICULA
Foram rematriculados no município de Alagoinhas, 1.945 escravizados e arrolados 18 sexagenários.
No município da Catu 1.300 escravizados, e 32 sexagenários.
No município do Inhambupe 1322 escravizados, e arrolados
10 sexagenários.
No município de Santo Amaro 5.822 escravizados e arrolados 17 sexagenários.
No da capital, 3.172 escravizados e arrolados 87 sexagenários. [2]
Em 1887 muitos dos escravos do Nordeste já haviam migrado para o Centro-Sul, em virtude do tráfico interprovincial ou já haviam ganho a liberdade, visto que nesse momento o processo abolicionista esteve em franca expansão. Mesmo assim atualmente é um consenso entre os historiadores destacar a importância da mão-de-obra escrava no Recôncavo, mesmo as vésperas da abolição. Se compararmos os plantéis de Salvador e Catu, veremos que o município detém um terço da população da capital da província.
Para uma pequena cidade que havia sido emancipada a pouco menos vinte anos a sua população escrava era bastante considerável. Um pouco antes do 13 de maio de 1888 Catu era um dos
municípios baianos que mais utilizava esse tipo de trabalho, como se pode desprender do destaque dado a este município na notícia de O Alagoinhense citada anteriormente. Se a comparação for feita com cidades de maior envergadura na época como Inhambupe e Alagoinhas, a conclusão também será a mesma: a cidade de Catu tinha uma das maiores populações escravas, um ano antes da Lei Áurea ser decretada. É óbvio que a população escrava catuense já vinha diminuindo há algumas décadas, pois essa tendência também se aplicava ao Brasil, por causa das leis abolicionistas. Em 1816, por exemplo, Catu [ainda na condição de Vila]
detinha cerca de 1.420 escravos, ou seja, sua população era maior em 1816[3], do que era em 1887. Isso se justifica pelo fato de que no início do século XIX, como já foi dito, Catu vivia a franca expansão da atividade açucareira.
A partir de 1873, com a perda de duas safras em conseqüência de pragas que atacaram os canaviais, a perda de concorrência no mercado internacional, as secas e outros fatores o Recôncavo atravessou um período de crise econômica, sobretudo para a economia açucareira[4]. Esse momento difícil foi agravado pelo processo de abolição da escravatura que culminou no fim do trabalho escravo [1888]. Nem ao menos a implantação dos engenhos centrais – como o localizado no atual município de Pojuca – conseguiu reerguer a atividade açucareira na região.

NOTAS:
[1] O Engenho Api, localizado próximo ao atual distrito de Bela Flor em Catu-Ba, pertenceu a Mathias de Araújo Góes e foi herdado pelos seus descendentes, os Clemente Mariani, estando em seu poder até os dias atuais.
[2] O Alagoinhense, “Nova Matrícula”, 17 de fevereiro de 1887. Disponível no APEB, seção Jornais Raros.
[3] SCHARTZ, Stuart B. Segredos Internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. P. 357.
[4] Existe um lamento constante na obra literária da escritora catuense Anna Ribeiro acerca dos “males” que atacaram a lavoura. A esse respeito ver OLIVEIRA. Marcelo Souza. Uma Senhora de Engenho no Mundo das Letras: o declínio senhorial na obra de Anna Ribeiro. EDUNEB, Salvador, 2009.

Outros artigos sobre catu e sua História podem ser lidos no BLOG: http://retratosdecatu.blogspot.com/

Conheça parte da produção acadêmica do professor Marcelo

Como professor, tenho observado que na maior parte das vezes os alunos não conhecem a área de atuação dos professores, nem muito menos sua produção cientifíca. Pensando nisso, postei essa pequena biografia da minha produção nos últimos anos.
A minha dissertação intitulada Uma senhora de engenho no mundo das letras: o declínio senhorial em Anna Ribeiro [link 1 do final do texto ], , analisa a decadência do mundo senhorial na Obra de Anna Ribeiro, considerando a abolição e a pós-abolição como eventos (re) significados pela elite senhorial baiana, tendo na obra da escritora sua representação ficcionalizada. Anna Ribeiro de Araújo Góes Bittencourt (1843-1930) foi uma ex-senhora de engenho que adentrou no mundo das letras, com o intuito de “orientar” suas jovens patrícias com um discurso moralizador. Para isto, ela escreveu narrativas contextualizadas e ambientadas na sua realidade, com o intuito de criar uma identidade com as suas leitoras.
Sobre esse projeto literário, nove obras foram publicadas na Bahia entre 1882 e 1921. Desta produção emergem os três contos e um romance que retratam a decadência senhorial, analisados nesta dissertação. Respectivamente em Dulce & Alina (1901), Violeta & Angélica (1906), Marieta (1908) e o romance Letícia (1908). A memória social da elite baiana acerca do processo de seu declínio é contada paulatinamente destacando respectivamente o auge, a crise e a derrocada do mundo senhorial, sendo que em Letícia a autora faz uma síntese desse processo. A ótica paternalista dessas obras é peculiar às representações de uma ex-senhora de engenho que oferece nos seus escritos uma versão impar da História da Bahia, através dos tipos sociais, dos ambientes e dos discursos presentes na memória da elite. Ancorada teoricamente na História Cultural, essa pesquisa analisa os três contos e o romance referidos anteriormente, considerando a literatura como uma fonte histórica privilegiada, uma vez que sendo um produto da história, as obras e os autores representam a realidade que os cerca, oferecendo aos leitores possibilidades de leituras, neste caso, sobre a sociedade do Recôncavo entre meados do século XIX e início do século XX.
Publiquei vários artigos derivados da minha pesquisa de Mestrado para serem avaliados para publicação. O primeiro deles, intitulado História, Literatura e Mercado Literário na Bahia Oitocentista: o projeto de Anna Ribeiro de Góes Bittencourt (1843-1930) [link 2 do final do texto], versava sobre a atuação da escritora Anna Ribeiro no cenário literário da Bahia, através da utilização de uma rede de solidariedades que envolvia a sua família, editores e jornais de Salvador. A autora transpôs um ambiente então dominado por homens e publicou várias obras que tinham sempre como objetivo influenciar as leitoras ao “bom” comportamento nos momentos difíceis que assolaram a família aristocrática baiana nos fins do século XIX. Duas Revistas publicaram esse artigo: Cadernos de História, da Universidade Federal de Ouro Preto e A Cor das Letras, revista do Programa de Pós-Graduação em Letras, da Universidade Estadual da Bahia.
Posteriormente, trabalhei as questões concernentes à memória social da Bahia nos fins do século XIX e início do XX, nos artigos Uma Senhora de Engenho no mundo das letras: História, memória e identidade cultural em Anna Ribeiro de Góes Bittencourt (1843-1930). O texto foi publicado na Revista Eletrônica História em Reflexão, periódico do Departamento de História da Universidade Federal da Grande Dourados. Nessa mesma revista publiquei em 2008 o texto Cenas do Recôncavo: a decadência senhorial na literatura de Anna Ribeiro (1843-1930), onde procurei discutir a temática do declínio dos senhores de engenho do Recôncavo nos tipos sociais inscritos nos personagens e nos ambientes dos contos Dulce & Alina (1901), Violeta & Angélica (1906) e Marieta (1908).
Ainda em 2007, publiquei na Revista Em Tempos de Histórias, órgão do corpo discente do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade de Brasília: Fios literários na teia da História: paternalismo, escravidão e pós-abolição num romance de Anna Ribeiro, artigo baseado no primeiro capítulo da minha dissertação de mestrado que discutia o cunho paternalista da obra de Anna Ribeiro. A escritora era também ex-senhora de engenho e sentiu de perto os impactos da extinção do trabalho escravo, tanto que estabeleci um cruzamento entre a sua obra e os escritos memorialísticos dela e de seus familiares, no intuito de tentar estabelecer como se construíram as representações sobre esses momentos históricos e como se tentou instituir uma memória a esse respeito, sob a égide da elite.
Na Glaúks, Revista da Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Viçosa-MG, discuti a construção de tipos na obra de Anna Ribeiro, no que concerne ao mundo senhorial: escravocratas, senhores e senhoras de engenho, escravos, ex-escravos, agregados, etc. Sob o título Uma Senhora de Engenho Intelectual: Literatura, História e Tipologia Social em Anna Ribeiro de Góes Bittencourt, o texto também era um dos frutos do meu trabalho de Mestrado.
O último artigo que escrevi, enviei para a Revista Patrimônio e Memória da Universidade Estadual de São Paulo, Memórias de uma senhora de engenho: lembranças e esquecimentos nos Longos Serões do Campo, de Anna Ribeiro, [link 3 no final desse texto], discuti os meandros das lembranças na obra de Anna Ribeiro, especificamente no que diz respeito aos esquecimentos nos registros da derrocada financeira e social de sua família, nos fins do século XIX, em detrimento de suas lembranças “faustosas” sobre os tempos em que sua família era como se fosse “a nobreza” baiana, e detinha vários escravos, terras e dinheiro. Isso aconteceu ainda na sua infância e adolescência [por volta de 1850-1870].
Existem ainda outros artigos e comunicações publicadas em universidades, em simpósios e em congressos. O histórico completo da minha produção acadêmica pode ser vista no meu curriculo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4282704Y3
Recentemente sou aluno do doutorado em História pela Universidade Federal da Bahia, na linha "Escravidão e invenção da liberdade". O Projeto de tese que trabalho se intitula "Literatura como memória social: escravidão e pósabolição na ficção baiana (1884-1930).
Ainda nesse semestre publicarei pela Editora da Universidade do Estado da Bahia o livro "Uma senhora de engenho no mundo das letras", fruto da minha dissertação de mestrado.

Observação: A foto exposta no início do texto retrata a escritora Anna Ribeiro de Araújo Góes Bittencourt, com 30 anos de idade. Foto tirada em no ano de 1873.

Links para os meus artigos e textos:

DE FAZENDA MODELO À IFBAIANO: A TRAJETÓRIA DO CAMPUS CATU (1895-2010)



A primeira publicação do nosso blog não poderia ter um tema mais oportuno do que a história do nosso instituto. Desta forma, seguem um trabalho realizado por uma comissão de integrantes do Campus. São professores alunos e técnicos que realizaram uma pequena pesquisa sobre a História da nossa Instituição.
As origens da Escola Agrotécnica Federal de Catu-BA remontam ao ano de 1895, através da Lei 75, que originou a Fazenda Modelo de Criação[1]. Em 03 de fevereiro de 1897[2], Ambrósio Baptista dos Santos vendeu a denominada Fazenda Sant’Anna ao Governo do Estado da Bahia para implantá-la. Conforme informações no livro Bahia de todos os fatos[3], a Fazenda Modelo do Catu estava em franco processo de abandono pelo governo do estado da Bahia, governo que o teria criado com fins de tentar desenvolver a região catuense, após o declínio da cana-de-açúcar e da escravidão nos fins do século XIX.
Em 1902, a Fazenda Modelo da Criação, que possuía 210 hectares, 42 Ares e 86 centiares, recebeu a doação de fazendeiros da região de uma área formada por 84 hectares, 20 ares e 15 centiares e que passou a totalizar 294 hectares, 63 ares e 01 centiare
[4].
O ato de federalização da Fazenda Modelo se deu no decorrer do ano de 1918[5]. O processo perdurou por todo o decorrer desse ano e as negociações começaram no Rio de Janeiro, então capital brasileira, inclusive com a sanção pelo então Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil estabelecendo uma: [...] Fazenda-Modelo de Criação no Estado da Bahia, a fim de proporcionar aos criadores ali existentes não só o ensino prático necessário ao melhoramento do gado pelos modernos processos de zootecnia, mas ainda um centro capaz de fornecer reprodutores de raça selecionados e apropriados ás diversas regiões do Estado [...][6].
A Política Federal para a então Fazenda Modelo de Criação consistia, ao que tudo indica, em fornecer técnicas pastoris para a comunidade agrícola local[7]. Esse modelo de ensino se restringia apenas ao nível técnico e foi modificado no ano de 1964. Consta nos arquivos da Escola, que o seu idealizador foi José Ribeiro de Carvalho, que teria lutado para que esta Instituição se tornasse realidade. Assim, foram desenvolvidas atividades de criação até o início de 1964 e, em 05 de março daquele mesmo ano, através do Decreto N°53.666, passou a chamar-se Colégio Agrícola de Catu[8], tendo sido este subordinado à Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário do Ministério da Agricultura. Nessa época, o diretor do colégio foi Milton Lourenço dos Santos, no período de 1964 até 1972. A designação Colégio Agrícola Álvaro Navarro Ramos foi estabelecida pelo Decreto N°58.340, de 03 de maio de 1966, que tinha como finalidade ministrar o ensino de segundo grau, formando Técnicos em Agropecuária, fundamentado na filosofia do Sistema Escola-Fazenda: aprender a fazer e fazer para aprender. Em 19 de maio de 1967, através do Decreto N°60.731, o Colégio foi transferido para o Ministério da Educação e Cultura (MEC), passando a funcionar como escola em 1969[9]. Através de relato de servidores antigos, de 1964 até 1969, a escola passou por reformas de infra-estrutura para adequar os antigos currais em salas-de-aula, alojamentos, prédio administrativo e refeitório[10]. Em 1971 formou-se a primeira turma de alunos: Técnicos em Agropecuária[11]. Constam nos registros da Instituição que os alunos eram provenientes de vários municípios e até de outros estados do Brasil.
Em 1972 até 1981, estando diretamente subordinada à Coordenação Nacional de Ensino Agropecuário (COAGRI), a partir de 14 de outubro de 1975, o então colégio, foi dirigido pelo Professor Olavo Bahia Neves. Em 4 de setembro de 1979, por meio do Decreto N° 83.935, passou a ser denominada Escola Agrotécnica Federal de Catu – Bahia Álvaro Navarro Ramos. Em 16 de dezembro de 1980, a Secretaria de Ensino de 1° e 2° graus do MEC declarou a regularidade dos estudos levados a efeito na Escola Agrotécnica Federal de Catu-BA.
De 1981 até 1982, esta Instituição, passou por uma intervenção ministerial, sob o comando de Armando Rodrigues de Oliveira. Após a saída desse interventor, assume o comando o Professor João Batista Alves Novaes, que dirigiu de 1982 até 1996.
Neste ínterim, em 17 de novembro de 1993, de acordo com a Lei n°8.731, de 16/11/1993, publicada no DOU de 17/11/1993, a Escola Agrotécnica Federal de Catu – Bahia passou a ser uma autarquia, passando a dispor de orçamento e quadro de pessoal próprio.
Em meados da década de noventa, o modelo de ensino ora apresentado, Técnico em Agropecuária, busca adequar-se às novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional (Lei nº 9.394/96 e Decreto nº 2.208/97), até ter sido alterado pelo Decreto 5154/05. O projeto elaborado pela EAF-Catu apresentava, em linhas gerais, a proposta de funcionamento dos Cursos Técnicos com habilitações em Agricultura, Zootecnia e Agroindústria, estruturados em quatro módulos, sendo o primeiro introdutório (obrigatório) visando a aquisição de conhecimentos básicos da área, portanto não havendo certificação. O segundo, terceiro e quarto módulo de cada habilitação terão terminalidade, não havendo vínculo entre eles.
Entre os anos 1996 até 2000, o Professor Manoel Prado Neto foi eleito pela comunidade escolar, através de votação direta. Por um período de um ano – de 2000 a 2001 – o Professor Luiz Henrique Batista de Souza passou como diretor pró-tempore, até ser substituído por Fernando de Oliveira Gurjão, que ficou na direção até 2006. Nesse intervalo, em 2005, houve a implantação do Curso Técnico em Operação e Produção de Petróleo, em parceria com a PETROBRAS, visando o atendimento da demanda da região, visto que a Escola está situada em uma área de produção petrolífera.
Em 2006, o professor Sebastião Edson Moura assumiu a direção geral, através de eleição na comunidade escolar, que se tornaria o reitor do Instituto, criado no final do ano de 2008. O campus atualmente está sobre a direção do professor Alex.


Catu, 13 de junho 2008


Comissão do Centenário da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica:

Admilson Santos de Santana
Maiara Alexandre Cruz
Marcelo Souza Oliveira
Maria Arlinda de Assis Menezes
Ronaldo de Santana Chaves
Simone Maria Rocha Oliveira

Notas:

[1] Ao que tudo indica, a idéia era promover a criação de gado orientada por técnicas ensinadas nas Fazendas Modelos. Possivelmente, essas Fazendas forneciam também matrizes de animais para incentivar o desenvolvimento da pecuária, além de encaminhar seus vaqueiros para serem orientados tecnicamente pelos engenheiros e veterinários da Fazendo Modelo de Catu.
[2] Arquivo da EAFC, cópia do Registro Pertencente ao Tabelionato de Catu, Comarca de Mata de São João, Livro Findo de Notas nº 10, fls, 58v. à 62v. [referente à escritura de compra e venda].
[3] Superintendência de Apoio Parlamentar. Bahia de todos os fatos: cenas da vida republicana 1889-1991. 2ª ed. Salvador: Assembléia Legislativa, 1997.
[4] Arquivo da EAFC-Ba. Fragmentos de documentos diversos, Catu-Ba, S/D.
[5] APEB, Setor Republicano, Caixa 2326, Maço 01, Doc. 02.
[6] Presidência da República dos Estados Unidos do Brasil, DECRETO No 13.127, DE 7 DE AGOSTO DE 1918. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/D13127.htm, acesso em 23 de maio de 2008, ás 22:21h.
[7] LOPES, Idelfonso Simões. Relatório apresentado ao presidente da República pelo ministro de Estado dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio, Rio Janeiro, 1919. No extenso relatório destinado ao então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, o ministro da Agricultura refere-se a Fazenda de Criação [futura EAFC-Ba] na seção destinada as “atividades pastoris”.
[8] Note-se que pela primeira vez a Instituição é direcionada para agricultura, o fato de apenas em 1964 a agricultura passar a ser alvo do ensino na Instituição de deve a topografia do terrenos em que se localiza a Escola, que até então segundo os técnicos era apropriada apenas para a criação de animais.
[9] Constam as cópias dos referidos documentos e decretos nos Arquivos da EAFC-Ba.
[10] Segundo informação prestada por Maria Amélia de Andrade Santos, servidora aposentada da Escola Agrotécnica Federal de Catu-BA.
[11] Segundo entrevista concedida pela servidora Maria Aparecida Farias de Vasconcellos e arquivos da Secretaria de Registros Escolares.